Quando cropar ou não cropar fotografias? Essa pode ser uma grande questão para fotógrafos e esse artigo vai trazer diferentes pontos de vista sobre esta importante pergunta: Quando devo fazer um crop das minhas fotos?
Cropar uma foto significa cortar com o objetivo de usar parte dela. Por consequência, ao cropar uma fotografia você estará desprezando a parte que foi cortada.
Ao editar fotos, principalmente quando falamos de uma edição de fotos profissional, usar o recurso de crop é muito comum.
Então, onde está o dilema e o incômodo que o crop pode causar em fotógrafos?
Como vamos ver neste artigo, há diferentes razões para cropar uma foto e, em certas condições, cropar uma linda fotografia pode ser um grande pesadelo para quem a produziu.
Quando o cropar é algo agradável para o fotógrafo?
O dilema que às vezes frustra os fotógrafos profissionais e iniciantes não é o lado prático de melhor adaptar a imagem para o uso, mas sim o sentimento que uma parte da arte fotográfica foi literalmente jogada fora.
A fotografia, como profissão, precisa ser prática. Mas antes de ser uma profissão, a fotografia é uma paixão, uma arte, e aí entramos em uma seara, digamos, bem mais subjetiva.
No uso publicitário, um fotógrafo precisa saber que o objetivo primário da foto é seu uso em uma campanha, website, ou peça publicitária.
Hoje existem diferentes sites de divulgação na internet que precisam de fotos de diferentes tamanhos. Há também a situação da incorporação de textos e outros elementos para que a arte publicitária fique perfeita também.
Fazer o Crop de uma fotografia com intuito de zoom in, sobretudo na fotografia comercial, é além de comum muito natural para o fotógrafo.
Similar pensamento existe em outros segmentos da fotografia como a esportiva, jornalística e de retratos.
Nesse caso, o esperado é que o fotógrafo normalmente faça o enquadramento da cena antevendo o crop que irá fazer depois.
O dilema de cropar ou não cropar fotografias
O ato de fotografar, independente do segmento que o fotógrafo atua, se torna algo onde o olhar fotográfico se interliga com o clique final.
Mas sabemos que nem sempre o clique reflete realmente o enquadramento que desejamos.
Muitas vezes enxergamos uma linda imagem, mas no visor da câmera a cena fica muito mais distante do que gostaríamos devido às condições do ambiente e o espaço disponível em que estamos inseridos.
E outras vezes também não conseguimos passar o que vimos na cena para a foto captada.
Um detalhe bem interessante, e que todo fotógrafo já vivenciou:
Fazer uma foto em um trabalho e somente depois, com calma, ver que alguns detalhes desta foto não ficaram legais.
E o contrário também existe. Depois do clique, talvez até no momento de finalizar o trabalho semanas depois da captura, o fotógrafo percebe um grande detalhe que valoriza muito a fotografia – e que vai merecer todo o destaque.
Portanto, em muitas situações, o crop é um recurso importante para destacar detalhes da foto que queremos valorizar!
O crop de fotos e o pensamento fotográfico
O Blog da Alboom consultou o fotógrafo documental Érico Hiller sobre o assunto cropar ou não cropar as fotografias.
O resultado dessa conversa surpreendeu a gente. E com certeza vai te surpreender!
Érico está lançando seu quinto livro, batizado de ÁGUA.
Das 170+ fotos que fazem parte do livro, apenas 1 foto foi cropada!
Mesmo com todo trabalho e o capricho na diagramação do fotolivro, incrivelmente apenas 1 foto foi cropada.
Apenas cropei uma foto por falta de alternativa. Não tinha como usar duas páginas e tive que pegar metade da foto. De 50MB a parte cropada ficou com 25MB, a metade, o que ficou excelente mesmo assim.
Érico Hiller, em entrevista para o Blog da Alboom.
Érico deixou claro não possuir bloqueios éticos quando ao crop de fotos.
Para ele, não cropar é puramente o resultado do seu Pensamento Fotográfico.
Ao fazer a composição, usando normalmente lentes angulares, Érico nunca leva em conta a possibilidade de cropar a imagem depois.
Pela natureza da fotografia documental que exerço, e que sou tão apaixonado, eu respeito toda a captura. Já tive situações que tive que “metralhar” para conseguir uma foto, e por isso também respeito o recurso do cropar uma foto.
Érico Hiller.
O crop e a fotografia de casamento
Todos sabem da versatilidade que um fotógrafos de casamento tem que ter para conseguir registrar as melhores cenas desse evento.
Contudo, para saber mais sobre o crop nesse tipo de fotografia, consultamos o fotógrafo Rafael Bigarelli, que já tem mais de 500 casamentos realizados.
O Biga, como o chamamos, geralmente cropa mais de 90% das fotos finais.
Ele busca deixar cada imagem perfeita seguindo sensibilidade fotográfica.
Para Rafael, sua profissão se resume em narrar em fotografias os momentos e a história do casal, seja no álbum impresso ou na entrega das fotos.
Alinhamento, crop da foto e edição em geral é uma arte que faz parte da minha história como fotógrafo de casamento. Eu me esforço muito para toda a história do casamento ser bem contada. Na pós-produção, esse mesmo espírito se mantém. Quero que a fotografia fique mesmo linda tanto no álbum, nas fotografias digitais e no meu site também.”.
Rafael Bigarelli
Cropar a fotografia perde qualidade?
Há 10 anos, na cabeça de todo fotógrafo, cropar significava ter que se preocupar com a qualidade final da fotografia depois do crop.
Hoje isso mudou e mudou muito.
Uma câmera como a Sony Alpha A7R IV tem 61 megapixel. Uma loucura, não é?
Veja só. Se você cropar 75% em uma foto com 61MP, ou seja, ficar com apenas ¼ da foto, mesmo assim terá uma foto de 15 megapixel.
Geralmente, o fotógrafo profissional decide por cropar o mínimo necessário o que, por consequência, não muda praticamente em nada a qualidade final da foto.
Fotos famosas que foram cropadas
Em toda a história da fotografia, muitos foram os momentos onde foram aplicados um CROP nas fotografias, inclusive fotos conhecidas do grande público.
E o grande detalhe – Poucos sabem que a foto foi cropada!
Vamos dar dois exemplos.
A Foto de Che Guevara – Guerrilheiro – 1960
Uma Fotografia muito conhecida em todo o mundo.
Che Guevara participava de um Memorial às Vítimas e foi Fotografado por Alberto Korda na data de 05 de março de 1960.
Alguns anos depois o Artista Irlandes Jim Fitzpatrick criou uma estampa com base nesta fotografia e a disponibilizou em domínio público.
Einstein Mostrando a Língua
Uma outra fotografia muito conhecida.
Albert Einstein tinha acabado de ser homenageado aos 72 anos e os jornalistas acenaram e pediram uma pose para a fotografia.
Einstein mostrando todo seu desprezo pelo assédio dos jornalistas naquele momento, mostrou sua língua e claro, a cena se tornou famosa.
Sem dúvida, a foto foi Cropada para dar muito mais relevância para ilustrar a imagem de uma das mentes mais brilhantes do século 20. Uma fotografia incrível.
Conclusão
Cropar ou não cropar fotografias, a questão que cada fotógrafo deve lidar.
Filosofar sobre cropar ou não a foto é sempre bom, principalmente para o autor da fotografia.
Afinal, ninguém melhor que o próprio fotógrafo pensar se a fotografia ficará melhor por completo ou em parte.
As vezes, deixar a fotografia mostrar o mosaico inteiro da cena capturada é o mais importante – e é o que o público espera.
Assim como há casos que o crop da fotografia contribui para um efeito artístico melhorado.
E como foi mencionado também, há casos onde o crop não é uma opção – ela certamente vai ocorrer (exemplo do segmento publicitário).
Portanto, aqui perguntamos a você querido leitor, querido fotógrafo ou fotógrafa, qual é a sua resposta sobre este assunto?
Deixe um comentário aqui no Blog da Alboom e conta pra gente sua postura quanto ao crop das sua fotografias.